André Jakurski e Rodrigo Azevedo criticam pacote fiscal; entenda
Dois dos maiores gestores brasileiros estão absolutamente descrentes de que o pacote de ajuste fiscal, proposto pelo ministro Fernando Haddad, possa reverter a trajetória crescente da dívida pública brasileira. No momento, o governo intensifica a articulação política para aprovar o pacote fiscal no Congresso Nacional.
Para Rodrigo Azevedo, sócio fundador da gestora Ibiúna, há dois aspectos muito importantes que pegaram de forma muito relevante para o mercado, que reagiu mal ao anúncio do plano de corte de gastos.
O primeiro, diz Azevedo, é que a proposta do governo não conseguirá estabilizar a dívida pública. Isso porque apenas propõe uma desaceleração da velocidade de crescimento da despesa.
“O gasto no ano que vem e em 2026 será maior do que neste ano”, diz Azevedo. Com isso, afirma, a chance do arcabouço fiscal ser bem-sucedido é muito baixa.
O segundo elemento, diz ele, é que o ministro Haddad foi ‘desautorizado’, no sentido de não ter conseguido o apoio presidencial para oferecer uma proposta crível para a resolução da dívida pública.
“Então, daqui para frente, o ministro da Fazenda perde credibilidade como interlocutor razoável para você monitorar para onde está indo a questão fiscal. E aí eu acho que é um problema grande, pois isso não tem volta”, diz.
Jakurski: pouco confiante na reversão do quadro fiscal
Já André Jakurski, fundador da gestora de fundos JGP, acredita que a questão da dívida pública é o principal problema que o País tem à frente.
“Não vejo uma grande possibilidade de reversão do quadro. Acho que se pode ter uma trajetória (da dívida pública) um pouquinho melhor, um pouquinho pior, mas na direção errada. Então, não vejo antes de uma mudança de governo, que não seja a reeleição do Lula, que possa haver um pacote de reforma fiscal sério, que possa diminuir a trajetória crescente da dívida brasileira”, explica Jakurski.
Ambos participaram, na última segunda-feira (02) em São Paulo do primeiro evento do PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira. O evento e a condução do podcast é de Renato Jakitas, repórter especial do site.
“O ano de 2024 tenderia a ser um período de ajustes fiscais. A inflação não estava exatamente ancorada, mas estava baixa. A taxa de juros estava em queda e poderia chegar a até 8% no final do ano. Mas as coisas se modificaram. Eu tenho conversado com o mercado e a verdade é que esse nível de piora acho que surpreendeu a todos”, destaca o repórter.
Investimentos em 2025
O evento com o podcast de dezembro irá ao ar na próxima quinta-feira (5).
Para além da questão fiscal, Azevedo e Jakuski falam também do cenário econômico nos Estados Unidos e no mundo. Os gestores ainda indicam quais as perspectivas para os investimentos em 2025.
Assim, você acompanha o programa completo no site da Inteligência Financeira, no YouTube, no Spotify ou em sua plataforma de áudio preferida.