Ameaça tarifária de Trump permanecerá como sombra para outras economias, diz ex-diretor do BC
Sob a presidência de Donald Trump, os Estados Unidos devem continuar sendo um grande atrator de capitais, com crescimento do PIB acima de seus pares, juros relativamente altos, uma combinação que contribiu para um dólar forte.
“Para o resto do mundo, para a China e mercados emergentes, não é um bom ambiente”, afirmou Rodrigo Azevedo, ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio-fundador e coexecutivo-chefe de investimentos (CIO) da Ibiuna Investimentos, ao participar de evento do UBS BB, em São Paulo.
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Com as moedas se depreciando em relação ao dólar, e a resistência da economia americana, os recursos custam a sair dos EUA para outros lugares. A ameaça tarifária, se num primeiro não fez o estrago que Trump prometia no ciclo eleitoral, permanecerá como sombra para outras economias, alertou Azevedo.
Outro ponto que reforça a tese de dólar forte, destacou Carlos Viana, outro ex-BC, chefe de pesquisa da Kapitalo Investimentos, é o passo de crescimento em relação a outros países desenvolvidos, já às voltas com economias em desaceleração e inflação cadente. “Alguns BCs embarcaram em cortes, como o Canadá, gerando divergência relevante de política monetária em relação ao Fed [Federal Reserve, o BC americano].”
O ex-BC Bruno Serra, gestor dos fundos da família Janeiro, da Itaú Asset, apontou que, nos últimos cinco anos, a economia americana cresce numa faixa de 2,7% a 2,8% ao ano, com o desemprego subindo de 3,6% para 4,1%, ou seja, a expansão foi capitaneada pelo ganho de produtividade. O Brasil, como contraponto, teve um passo parecido de atividade, mas o desemprego caiu de 11,5% para 6,5%, “o país usou 5 pontos percentuais da força de trabalho para crescer a mesma coisa”, comentou.
“Isso ilustra a força da economia americana, o quão fundamental é a raiz do crescimento dos EUA e por que é um aspirador de dólares para o país.” Ele disse ver um cenário claro de valorização do dólar globalmente. Para o Fed, será um cenário difícil de lidar.
*Com informações do Valor Econômico