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Por mês, cerca de 7 mi de brasileiros negociam criptomoedas

É instável, muita gente não entende direito, mas a verdade é que o mercado de criptomoedas continua atraindo os brasileiros. E não importa o momento ou a cotação de ativos populares como bitcoin e ether.

Entre janeiro e agosto deste ano, uma média de quase 7 milhões de CPFs compraram ou venderam moedas digitais no Brasil.

Os dados, tabulados pela Inteligência Financeira, são de um relatório sobre negociações de criptoativos, organizado pela Receita Federal.

Esse número considera apenas as transações em cripto com valores equivalentes ou superiores a R$ 35 mil. Assim, é somente a partir desse montante que os brasileiros precisam declarar ao Fisco suas negociações com esse tipo de ativo.

Alta consistente de criptomoedas

Segundo o levantamento, o mercado experimenta alta consistente desde 2020, primeiro ano cheio em que o governo iniciou o monitoramento do setor.

Precisamente, em 2024, houve movimentação mensal média de 6,7 milhões de CPFs. Como comparação, o volume é 31% superior ao número de CPFs cadastrados no mercado de renda variável brasileiro. Dados mais recentes da B3 apontam para o registro de 5,1 milhões de CPFs na bolsa de valores.

Em 2023, eram então 4,6 milhões o número médio mensal de CPFs comprando e vendendo criptos. Em 2022, 1,06 milhão. Seguido por 502 mil CPFs em 2021, e, por fim, 125 mil, em 2020.

A explicação para a forte alta

Na opinião de Rony Szuster, especialista em criptomoedas do Mercado Bitcoin, existem duas explicações para essa forte alta.

A primeira é que cresce a base de investidores, puxada pela popularização de ativos como o bitcoin. A segunda, mas muito mais potente, guarda relação com o surgimento das moedas digitais pareadas em moedas fiduciárias tradicionais, como real e dólar. São as stablecoins.

“As stablecoins são, até hoje em dia, a única aplicação matadora de cripto. A única coisa que realmente traz para a economia real a noção de criptos”, afirma o especialista.

“Elas são usadas para o uso de remessas internacionais. Assim, esse é, disparado, o maior caso de uso de criptomoedas no mundo e no Brasil”, afirma

Volumes de criptomoedas

Uma stablecoin precisa ser pareada com sua moeda fiduciária. A principal stablecoin do mercado é a USDT, equiparada no valor de 1 para 1 com o dólar.

O USDT é mantido pela Tether, empresa tocada por norte-americanos, mas com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Ele movimenta, então, o equivalente a US$ 190 bilhões por dia nas principais blockchains (redes onde as criptos rodam).

Segundo o Fisco, o bitcoin movimentou no Brasil R$ 13,7 bilhões em operações no ano passado. Já o USDT foi responsável por R$ 209 bilhões. O volume é 77% superior a 2022, que, por sua vez, havia crescido 76% na comparação com o ano de 2021.

“Existem diversas stablecoins, de real, de euro, de yuan. Mas 99% das transações da rede ocorrem em dólar. E a USDT tem 70% desse mercado”, conta Rony Szuster.

Custo da transação

O principal motivador para o uso de uma stablecoin, assim como o USDT, é o custo da transação. Segundo relatório da A16Z Crypto, venture capital para o mercado de criptomedas, uma transação internacional de US$ 1 mil pode custar US$ 44 no mercado tradicional.

Mas com o uso de uma das concorrentes da USDT, a USDC, da Circle, o custo pode ir de US$ 12 a até US$ 0,01, dependendo dos valores e da rede de blockchain.

Também não há risco legal nas operações. Segundo a procuradora Ana Paula Bez Batt, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), quem fizer uma remessa internacional não precisa pagar taxa cambial. “Não existe previsão legal para stablecoin no Brasil”, afirma.

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