Lista de favoritos ao Nobel de Economia de 2024 ganha um azarão ligado ao mundo das criptomoedas — e não é o suposto Satoshi Nakamoto
Prever quem vai ganhar um Prêmio Nobel é missão quase impossível.
Na edição de 2024, a escritora sul-coreana Han Kang e a organização japonesa de sobreviventes da bomba atômica passavam longe do favoritismo para os prêmios da Literatura e da Paz.
Há quem diga que eventuais acertos não passam de chute.
Ainda assim, encerrada a semana dos prêmios outorgados pela Fundação Nobel, as atenções se voltam para o Banco Central da Suécia.
Na próxima segunda-feira (14), a autoridade monetária do país nórdico anunciará quem vai ficar com o Prêmio de Ciências Econômicas do Banco Central da Suécia em Memória de Alfred Nobel de 2024.
Embora não seja concedido diretamente pela Fundação Nobel, o prêmio é reconhecido internacionalmente como o Nobel da Economia.
Quem levou o Nobel da Economia de 2023
No ano passado, o BC sueco premiou a historiadora norte-americana Claudia Goldin.
Ela foi a primeira mulher a ganhar sozinha o Nobel de Economia.
Ao longo das últimas décadas, a pesquisa de Claudia Goldin lançou nova luz sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho.
A historiadora, no entanto, em nenhum momento figurou entre as favoritas, em 2023 ou antes.
Os favoritos ao Nobel da Economia de 2024
As comissões responsáveis pelos prêmios não primam pela obviedade.
O economista francês Thomas Piketty, por exemplo, figura há uma década entre os “favoritos”. Ele é autor de “O Capital no Século 21”, livro que faz barulho nos meios econômicos desde seu lançamento, em 2013.
No decorrer dos últimos meses, a lista de “favoritos” abriu espaço para um azarão: o programador canadense Vitalik Buterin, mais conhecido como um dos cocriadores do ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda do mundo.
Confira a seguir uma lista de candidatos ao Nobel da Economia que, se não ganharem em 2024, certamente aparecerão nas listas de favoritos dos próximos anos.
- Daron Acemoglu: por seu trabalho na nova economia institucional. O economista turco é prolífico, muito citado na academia, popular entre seus pares e citado há anos entre os favoritos. Acemoglu destaca a importância de sociedades abertas e democráticas. Sua eventual escolha seria considerada “anti-Trump”.
- Thomas Piketty, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman: o trio de economistas ganhou notoriedade, pela investigação sobre as causas e consequências da desigualdade de renda. O livro “O Capital no Século 21”, lançado por Piketty em 2013, figura entre as obras de economia mais lidas e discutidas da última década — dentro e fora dos círculos acadêmicos.
- Raj Chetty: pela compreensão dos determinantes das oportunidades econômicas e pela definição de políticas destinadas a melhorar a mobilidade social.
- Edward Glaeser: por sua visão sobre a economia urbana e a cidade como motor do crescimento econômico. Trata-se de um campo de estudo nunca premiado antes com o Nobel de Economia.
- Philippe Aghion: por sua obra sobre crescimento inclusivo e destruição criativa.
- Robert Barro: por seu trabalho sobre expectativas racionais, dinheiro, inflação, emprego e crescimento. Seria uma escolha antikeynesiana em tempos de tendências keynesianas no debate econômico internacional.
- John List: por sua contribuições à ciência empírica, mais especificamente por seus experimentos de campo para testar teorias comportamentais.
- Vitalik Buterin: por sua contribuição para as finanças descentralizadas. O programador de apenas 30 anos de idade é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da plataforma do ethereum e da consequente criação da segunda maior criptomoeda do mundo. Além disso, diversas outras moedas virtuais e projetos usam a rede do ethereum como base. O valor de mercado do ethereum é estimado atualmente em quase US$ 300 bilhões. Além disso, Buterin tem uma vantagem sobre Satoshi Nakamoto, a quem é atribuída a criação do bitcoin (BTC), mãe de todas as criptomoedas: a comissão responsável pelo prêmio Nobel teria certeza de que ele é ele e saberia onde encontrá-lo.