Saiba como investir em dividendos e viver com esses rendimentos
Em tempos de incertezas econômicas, a busca por uma aposentadoria confortável e financeiramente segura tem levado muitos investidores a focar em estratégias baseadas em investir em dividendos. Para alcançar esse objetivo, é preciso se organizar – tanto na fase de acumulação quanto no usufruto. Afinal, escolher bem onde alocar o dinheiro e organizar o fluxo do recebimento de dividendos é crucial.
Planejamento é o ponto de partida
O planejamento financeiro é a base para qualquer estratégia de investimentos, especialmente para aqueles que buscam uma renda sustentável. “É fundamental que o investidor avalie seu período de vida, seus objetivos de aposentadoria e faça uma projeção do gasto médio mensal,” afirma Guilherme Almeida, especialista em educação financeira da Suno.
É nesse momento do planejamento que o investidor precisa avaliar duas coisas: o quanto consegue aportar por mês atualmente, e quanto precisará receber no futuro para manter o seu padrão de vida. Assim, se pode estimar quanto é necessário investir para receber essa renda em dividendos.
Tempo é a chave para investir em dividendos
Outro fator chave para obter sucesso nesse plano de investir em dividendos e viver deles é entender o quanto tempo se tem até a aposentadoria. Quanto mais distante estiver da aposentadoria, maiores são as oportunidades para fazer ajustes na carteira e potencializar os rendimentos, se o perfil do investidor permitir a tomada de risco maior.
“Um investidor jovem pode assumir mais riscos, pois tem mais tempo para corrigir eventuais desvios. Já quem está mais próximo da aposentadoria precisa adotar uma abordagem mais conservadora,” explica Almeida.
Onde investir para receber dividendos?
Com o planejamento em mãos, o próximo passo é selecionar os ativos adequados. Isso depende do perfil e do tempo que cada um tem para investir.
“Investidores mais jovens podem optar por uma combinação de ações de empresas que já pagam dividendos com aquelas que ainda não distribuem proventos, mas que têm potencial de crescimento no longo prazo. São empresas que estão em fase de novos projetos mas que, quando tiverem mais maturidade, podem começar a gerar dividendos substanciais”, diz ele.
Já as empresas conhecidas por pagar mais proventos, segundo ele, costumam ser mais maduras e consolidadas. Alguns dos setores conhecidos pela estabilidade nos pagamentos são saneamento, instituições financeiras e empresas de energia.
Já para aqueles que estão mais próximos da aposentadoria, Almeida sugere uma estratégia que inclua fundos imobiliários (FIIs), que oferecem a vantagem de distribuir dividendos mensais, proporcionando um fluxo de caixa mais constante.
Reinvista os dividendos sempre que possível
Reinvestir os dividendos recebidos é, segundo Almeida, uma das melhores práticas para aumentar a base de capital e maximizar a rentabilidade de sua carteira no longo prazo. “O hábito e a disciplina de reinvestir podem potencializar os efeitos dos juros compostos, aumentando significativamente os rendimentos futuros,” afirma.
Isso talvez não seja possível durante todo o período de acumulação. Afinal, imprevistos podem ocorrer, como perda de emprego ou redução de renda, o que pode forçar o investidor a utilizar os dividendos. Mesmo assim, é importante que parte dos dividendos seja reinvestida, sempre que possível, para manter a capacidade de crescimento da carteira.
Organização do fluxo de recebimentos
Agora, quando chega o momento de viver com o rendimento dos dividendos, é preciso organizar o fluxo dos recebimentos. Afinal, as empresas não têm a mesma periodicidade para fazer os pagamentos.
“É essencial que o investidor avalie a política de distribuição de dividendos da empresa antes de incluir suas ações na carteira,” aconselha Almeida. Entender o estatuto da empresa e as regras da Lei das S.A.s pode ajudar a planejar melhor o fluxo de caixa.
Além disso, os FIIs, que em sua maioria distribuem rendimentos mensalmente, podem formar essa carteira e facilitar essa estabilidade do fluxo financeiro.
Investir em dividendos: acompanhamento e diversificação
Mesmo depois de ter uma carteira montada e rendendo, é importante acompanhar continuamente os fundamentos dos ativos.
“Investir em ações ou fundos exige monitoramento regular para garantir que o fluxo de caixa livre da empresa ou o resultado do fundo continuam saudáveis,” lembra. Além disso, a diversificação é crucial para mitigar riscos. “Diversificar entre setores e geografias reduz o impacto de fatores regulatórios ou econômicos que possam afetar um setor específico,” sugere.
Por fim, Almeida lembra que a diversificação não deve ser feita apenas pela quantidade de ativos. “Ter muitos ativos correlacionados pode não oferecer a proteção desejada. O ideal é buscar ativos com baixa correlação entre si, incluindo uma combinação de ações, FIIs e renda fixa, que pode oferecer cupons periódicos adequados para uma carteira previdenciária.”