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EqSeed, de investimentos alternativos, mira Faria Lima

Uma startup usa inteligência artificial (IA) generativa para gestão do agronegócio. Outra interliga indústria a restaurantes para reduzir preços e combater o desperdício de alimentos. Uma terceira faz gerenciamento de segurança patrimonial com drones inteligentes.

Esses e outras dezenas de negócios inovadores estão no mercado brasileiro em busca de investidores, incluindo pessoas físicas, para deslancharem.

A captação de recursos acontece por meio da EqSeed, a primeira plataforma de captação de investimentos alternativos autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Criada em 2015, a companhia já intermediou a captação de quase R$ 100 milhões para investimento em startups.

Agora, sob regras um pouco mais flexíveis e de olho no crescente apetite do público por investimentos alternativos, a empresa quer dobrar de tamanho até 2025.

Para isso, busca parcerias com mais instituições financeiras para ampliar a distribuição de sua prateleira de oportunidades.

Atualmente, além da distribuição direta, a EqSeed tem um acordo com o Íon, do Itaú, e com o Investmart, escritório credenciado da XP.

“Queremos colocar a EqSeed na Faria Lima”, disse Igor Monteiro, que assumiu como presidente do negócio em julho, à Inteligência Financeira.

Investimento em startup a partir de R$ 5 mil

Dado o perfil de risco do investimento (com prazo médio de permanência de quase três anos), o produto não é tão disponível quanto um CDB.

Esse corte tem como objetivo acessar um público com perfil mais adequado para tolerar um investimento que, no limite, pode ter perda total.

Assim, as aplicações partem de R$ 5 mil cada, para rodadas de captação. Hoje, cinco dessas rodadas estão em andamento.

Atualmente, a EqSeed tem cerca de 3,5 mil investidores ativos. Alguns deles individualmente investem em 10, 15, até em 30 ativos, conta Monteiro.

Trata-se, no entanto, de um público em que esses aportes representam parcela muito pequena do patrimônio dos investidores, acrescenta ele.

Como funciona o investimento alternativo em startups

As captações fluem para startups cujo projeto seja escalável, ou seja, que tenham potencial de virar um negócio muito grande.

Assim como acontece nesse mercado em qualquer lugar do mundo, algumas dessas startups podem se tornar gigantes ou simplesmente desaparecer após alguns anos.

Isso, mesmo com um processo trabalhoso de seleção, que inclui avaliações de viabilidade do negócio.

“Menos de 1% das empresas que a gente analisa vão para a plataforma”, diz Monteiro.

Como qualificação inicial, a companhia em busca de financiamento já precisa ter um certo tamanho.

A plataforma seleciona aquelas que tenham faturamento de R$ 10 milhões a R$ 40 milhões por ano.

Elas devem publicar resultados trimestrais e serem auditadas.

As captações podem variar de R$ 250 mil a R$ 3 milhões, operação na qual a startup vende uma participação no negócio que pode ir de 5% a 20%, em média.

Em geral, a meta dos empreendedores é ganhar escala e visibilidade para então serem compradas por grandes empresas.

Os seis casos que já concluíram esse ciclo até agora na EqSeed proporcionaram aos investidores uma rentabilidade média anual aproximada de 40%.

StartupAtividadeComprador
DinDinCarteira digitalBradesco (2020)
MeuportfolioPlataforma de consolidação de investimentosWarren (2022)
PegakiLogística para e-commerceIntelipost (2021)
GreenantGestão de consumo de energiaAES (2021)
App Renda FixaAplicativo de investimentosHurst (2020)
IOUUEmpréstimos peer-to-peerLetsbank (2021)
Fonte: EqSeed

Na ponta contrária, quatro startups foram encerradas, o que o jargão do mercado chama de write off.

Segundo Monteiro, uma parceria com a B3 deve concorrer para aumentar o interesse do público pelos investimentos da plataforma.

O acordo, anunciado em abril, prevê o lançamento de um sistema de negociação de ativos como os da EqSeed por meio de tokens.

“Nossa expectativa é de que os primeiros negócios comecem ainda em 2024”, disse ele.

Com um mercado secundário, mais investidores tendem a se interessar por startups, uma vez que teriam mais facilidade de saída.

Em outra frente, acrescentou Monteiro, o mercado espera para este ano a abertura pela CVM de consulta pública sobre regulação de ofertas desse tipo de ativo, o que pode prever mecanismos de incentivo ao setor.

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