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Vamos (VAMO3): Fitch rebaixa ratings da empresa e altera perspectiva para ‘negativa’ — mas a culpa não é só da companhia de locação

Após um balanço trimestral considerado misto e a reação negativa do mercado que provocou uma queda nas ações, a Vamos (VAMO3) tem agora outra dificuldade para lidar.

Nesta quinta-feira (29), os papéis da companhia de locação de caminhões do grupo Simpar (SIMH3) caíam forte na B3 e chegaram a operar entre as maiores quedas do Ibovespa. 

Por volta de 12h55, VAMO3 caía 3,15%, sendo negociada a R$ 7,69. No acumulado do ano, as ações da Vamos têm desvalorização da ordem de 21,15% desde janeiro.

Já as ações da Simpar também operavam em queda, caindo 2,86%, a R$ 6,19. 

Os papéis da empresa estão sendo penalizados pelos investidores na bolsa brasileira depois que a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou os Ratings Nacionais de Longo Prazo da Vamos e de suas emissões de debêntures de AAA para AA+.

Com isso, a perspectiva para a Vamos foi revisada de estável para negativa, segundo relatório divulgado na quarta-feira (28) pela Fitch e assinado pelo analista Renato Mota. A Simpar também teve seu rating nacional rebaixado para AA+, com perspectiva negativa. 

A perspectiva negativa da Vamos (VAMO3) e da Simpar (SIMH3)

Segundo a agência, a mudança na classificação, que também reflete a de sua controladora Simpar, foi motivada pelos “os incentivos legais médios e os elevados incentivos operacionais e estratégicos que a holding tem para lhe prestar suporte, se necessário”.

Sobre a perspectiva negativa, a agência citou a alavancagem financeira consolidada da Simpar, “consistentemente acima do esperado e não condizente com os ratings atuais”.

O analista Renato Mota também diz que a alavancagem mais alta por mais tempo, como resultado de maiores investimentos e menor retorno sobre o capital investido, também prejudicou a capacidade do grupo de converter Ebitda em fluxo de caixa.

A Fitch projeta que o fluxo de caixa livre (FCF) da Vamos deve permanecer negativo, em média, em R$ 12 bilhões de 2024 a 2026, após capex (investimento) total anual médio de R$ 15 bilhões, financiado parcialmente pela venda de veículos usados de locação.

Empresas ainda têm pontos positivos

Apesar do impacto de sua controladora, individualmente, a Vamos tem uma sólida posição de negócios no mercado brasileiro de locação de frotas de veículos pesados, máquinas e equipamentos, com relevante escala e consistente desempenho operacional, ressalta.

Em relação à Simpar, a Fitch avalia que os ratings internacionais da holding se beneficiam da escala significativa da empresa, do robusto perfil de negócios e da forte posição competitiva dentro da indústria brasileira de aluguel e logística.

“O grupo Simpar continua se beneficiando de um portfólio de serviços diversificado e contratos de longo prazo para parte significativa de suas receitas, que garantem maior previsibilidade de geração de caixa”, afirma o relatório.

A alavancagem do Grupo Simpar (SIMH3) e sua estratégia “agressiva”

Conforme ressaltado pela agência de classificação de risco, a Simpar possui uma estratégia de crescimento historicamente “agressiva”, com elevados investimentos no crescimento em sua frota — o que tem pressionado a alavancagem financeira da Vamos.

Vale lembrar que, no ano passado, a Simpar adquiriu o Grupo Alta por meio de sua subsidiária Automob. O negócio foi fechado por R$ 120 milhões.

Em comunicado sobre o rebaixamento da Simpar, a Fitch acredita que o grupo manterá alavancagem financeira consolidada em desacordo com uma classificação ‘BB’. O indicador dívida líquida ajustada consolidada/EBITDA ajustado deve permanecer de 4,5 a 5,0 vezes até 2026.

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