Economia

A Selic vai mesmo subir? O Brasil não tem mais jeito? Dois fatos sobre os juros e um sobre a economia na visão dos chefões dos grandes bancos

Desde que o diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, disse que todas as opções sobre os juros estavam na mesa — o que incluiria o aumento da Selic nas próximas reuniões do Copom — os investidores brasileiros passaram a olhar os dados da economia com lupa. 

O cenário ficou ainda mais nebuloso para alguns após o sinal verde que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, deu para o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos a partir de setembro. 

Mas, para o CEO do Santander Brasil não há motivos para pânico. Na avaliação de Mario Leão, o Brasil tem um potencial enorme de atração de capital internacional com o afrouxamento monetário do Fed, que pode começar no mês que vem.

“O potencial de fluxo para o Brasil é enorme”, disse Leão, em debate durante evento do Santander, que reuniu também o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti.

O presidente do Santander disse que o Brasil está muito sublocado nas carteiras dos investidores internacionais. Portanto, pode voltar ao radar, na medida em que as coisas no mercado interno se acertaram, após uns meses tumultuados na primeira metade de 2024. 

“Dados recentes mostram uma economia sólida”, afirmou Leão.

Leão ressaltou que parte do mercado vê o Fed cortando juros enquanto o BC vai subir a Selic, mas a visão no banco espanhol é que isso não será preciso no Brasil: “Não é nosso cenário base uma alta de juros pelo BC.”

O presidente do Santander Brasil ainda se mostrou otimista com o futuro do Brasil e disse que o Produto Interno Bruto (PIB) pode novamente superar as expectativas de crescimento desenhadas no início do ano.

“Estamos otimistas com o futuro e com o que podemos construir juntos, construindo esse mercado e a economia que vai crescer novamente acima do que se esperava no começo do ano, como foi no ano passado e no anterior”, disse Leão.

Após a fala de Leão, o CEO global do Grupo Santander, Héctor Grisi, fez rápido discurso no evento, ressaltando também estar otimista com o Brasil.

“Somos o número 1, 2 ou 3 em cada mercado e temos ao menos 10% de cada mercado que participamos”, disse o executivo ao falar da América Latina.

SUBIR OU NÃO SUBIR A SELIC? EIS A QUESTÃO DO BANCO CENTRAL

Sallouti, do BTG, e a visão do Brasil

Sallouti avaliou que os números atuais da economia brasileira estão bem, inclusive os próprios indicadores fiscais estão melhores que o esperado, mas existe muita preocupação com o futuro — e a principal delas é o temor de se o arcabouço fiscal vai ser respeitado ou não. 

“Acho que vai”, disse o CEO do BTG. “Não acho que a gente vai ter um cenário tão benigno quanto se imaginava no final do ano passado. Nem tão preocupante como se imaginou em alguns momentos do segundo trimestre”, acrescentou. 

No debate, Sallouti fez um rápido resumo da gangorra em que se transformou a economia, local e internacional, na primeira metade do ano. 

O Brasil virou o ano com o câmbio na casa dos R$ 4,80 e o Federal Reserve sinalizando até seis cortes este ano.

Mas este cenário rapidamente mudou, com a inflação nos Estados Unidos mostrando resistência à desaceleração, e um debate de que o Fed teria que voltar a elevar juros.

No Brasil, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a independência do Banco Central e o controle de gastos, acompanhadas de mudança da meta fiscal e Banco Central dividido sobre os rumos da Selic, ajudaram a azedar o ambiente.

Foi o dólar bater em R$ 5,70 que ligou a luz amarela em Brasília. “O câmbio é o que melhor tem refletido as expectativas”, disse Sallouti. 

Nesse momento, o governo passou a falar em respeito ao arcabouço fiscal e diretores do BC escolhidos pelo governo começaram a falar a favor de mais dureza no combate à inflação, ajudando a trazer certo alívio.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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