Americanas (AMER3) define ‘teto de gastos’; veja quanto a diretoria está autorizada a gastar
A diretoria da Americanas (AMER3) não pode mais gastar à vontade. O Conselho de Administração da empresa aprovou, por unanimidade, um “teto de gastos” de até R$ 100 milhões para os contratos e negociações que os diretores podem fazer no âmbito da empresa. Qualquer valor acima deste precisa ser aprovado previamente pelo conselho.
A exceção está na contratação de garantias (para fianças, seguro garantia e entre outros), que tem valor ilimitado, “considerando a urgência em assegurar processos administrativos e judiciais”, comunicou a empresa à CVM.
Por volta das 10h, a ação da varejista chegou a subir 14%. No que vai do ano, porém, AMER3 acumula queda de mais de 90%.
O chamado “limite alçada”, estabelecido pelo Conselho, é uma forma da empresa se proteger de gastos excessivos por parte da diretoria, ao mesmo tempo em que permite agilidade nos processos, já que não é preciso esperar aprovação para cada contrato.
Varejista ainda tem muito chão pela frente para se recuperar da crise financeira
Ainda lidando com as consequências de uma fraude multibilionária, a Americanas publicou seus últimos resultados financeiros pendentes na semana passada.
O balanço consolidado de 2023 trouxe um prejuízo acumulado de R$ R$ 2,272 bilhões.
Apesar das perdas robustas, a cifra é 82,8% menor do que o montante de R$ 13,22 bilhões registrado em 2022, considerando os números reapresentados após a descoberta da fraude de resultados.
Segundo a varejista, o resultado do ano passado foi negativamente marcado pelo impacto operacional da crise financeira e da redução de receitas, com custos adicionais da investigação e da recuperação judicial, parcialmente compensados por impactos tributários.
Relembre o caso Americanas (AMER3)
Vale relembrar que a Americanas (AMER3) protagonizou um dos maiores escândalos contábeis da história do mercado de capitais no Brasil.
Em janeiro do ano passado, a varejista entrou com um pedido de recuperação judicial diante do agravamento da situação financeira da companhia.
À época, a empresa comandada pelo famoso trio de empresários formado por Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles somava dívidas no valor de R$ 43 bilhões com bancos e fornecedores, além de questões trabalhistas.
Após adiar várias vezes seu balanço, foram confirmadas fraudes na casa das dezenas de bilhões de reais. Em relação a 2021, o “maior lucro da história” da Americanas converteu-se em um prejuízo líquido de R$ 6,237 bilhões.
E o prejuízo da varejista mais do que dobrou em 2022. A Americanas fechou aquele ano com R$ 12,912 bilhões no vermelho.
Já a fraude contábil foi estimada em R$ 25,2 bilhões, muito próximo do rombo calculado quando a Americanas admitiu que o episódio ia muito além de “inconsistências contábeis”.