Picpay levanta R$ 700 mi com FIDC de adiantamentos de FGTS
A fintech PicPay concluiu a emissão de seu primeiro Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), com captação de R$ 700 milhões.
O fundo, conta a empresa, foi estruturado por meio da cessão de créditos relativos ao adiantamento de recebíveis do FGTS. O adiantamento de FGTS é uma das verticais de negócios da instituição.
O banco ABC assina a operação. A emissão obteve rating AAA atribuído pela Moody’s.
Para o vice-presidente executivo de Finanças do PicPay, Rodrigo Couto, a ideia é, por meio de operações do tipo, ampliar e diversificar o mix de funding da companhia.
“A conclusão do nosso primeiro FIDC é, assim, um marco. Essa captação nos permite diversificar as fontes de recursos e ajuda ainda mais na expansão da oferta de crédito”, diz.
A carteira de crédito do PicPay, segundo balanço do terceiro trimestre, soma R$ 8,2 bilhões. A carteira, então, contem empréstimo pessoal, cartão, consignado e antecipação do FGTS.
Quem pode investir em FIDC?
Em 2023, com a entrada em vigor de uma nova regulação de fundos, os FIDCs passaram a estar acessíveis aos investidores de varejo. Antes, a classe era restrita para institucionais e qualificados.
O FIDC é um fundo de investimento recheado de títulos de crédito. Mas ao contrário das debêntures, com emissões de grandes empresas, aqui o fundo creditório tem duplicatas, cheques, aluguéis e parcelas de cartão de crédito repassadas, por exemplo, por instituições financeiras.
Para serem distribuídos aos varejo os FIDCs precisam se enquadrar em uma série de novas exigências. Elas vão desde o prazo máximo de 180 dias para resgate até normas mais transparentes de comunicação, com lâminas que por exemplo detalhem as carteiras do fundo e as notas de crédito dos títulos securitizados.
Pontos para prestar atenção
Um ponto de atenção com relação aos FIDCs diz respeito ao risco implícito dessa classe de ativos. Carteiras securitizadas são, em sua natureza, menos líquidas. Enquanto alguns produtos de renda fixa têm prazo de resgaste imediato ou para o próximo dia, esses fundos de investimento podem reter a aplicação por até seis meses, ou 180 dias.
Essa baixa liquidez é na verdade uma estratégia de sobrevivência dos gestores. Os títulos que compõe os fundos não contam com um mercado secundário, de revenda de carteiras. E uma dinâmica de saída mais intensa, literalmente, inviabilizaria as estratégias.