Por que as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) chegaram a saltar 10% hoje — e o que o empresário Nelson Tanure tem a ver com isso
As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) despontaram no Ibovespa no pregão desta sexta-feira (13), após uma sessão amarga para o setor de varejo no dia anterior.
Nas máximas do dia, os papéis do GPA chegaram a saltar 10%, mas arrefeceram os ganhos no fim da tarde e encerraram o dia com alta de 4,42%, negociados a R$ 2,36.
Mesmo com o desempenho positivo hoje, a varejista acumula perdas da ordem de 42% na B3 desde janeiro. Atualmente, o Pão de Açúcar é avaliado em cerca de R$ 1,1 bilhão na bolsa.
O impulso das ações vem na esteira de rumores sobre uma potencial combinação de negócios entre a rede de supermercados Grupo Dia, em recuperação judicial desde março, e o GPA.
De acordo com o Valor Econômico, o empresário Nelson Tanure, que acaba de assumir o controle do Dia, consideraria criar uma “corporation” — uma sociedade sem acionista controlador ou um único dono, com ações pulverizadas na bolsa — do varejo alimentar.
Conhecido por sua gestão ativa nas companhias nas quais é acionista, Tanure possui no histórico casos como o turnaround na Prio (PRIO3) e a disputa societária na Gafisa (GFSA3), além de rumores de uma posição relevante na Ambipar por meio da Trustee.
Mais cedo nesta semana, a Folha de S.Paulo afirmou que o investidor informou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que assumiria o controle do Dia por meio do fundo de investimento multimercado Arila, detentor do fundo Lyra II, atual controlador da rede.
Vale lembrar que, no fim de maio, o Grupo Dia fez um acordo para a venda de 100% do capital no Brasil. Na prática, o grupo espanhol “pagou” para deixar a operação, já que se comprometeu a fazer um aporte de 39 milhões de euros (R$ 247 milhões, no câmbio de hoje) no Dia Brasil.
Na época, o nome do comprador final não foi divulgado. No entanto, o negócio foi viabilizado pela MAM Asset Management, gestora que faz parte do Banco Master — que supostamente tem ligação com Tanure — e estruturou um fundo para a operação.
Vem fusão entre o Grupo Dia e o Pão de Açúcar (PCAR3)?
É preciso destacar que qualquer operação nesse sentido requer que o Grupo Dia saia do outro lado da recuperação judicial. O fim da reestruturação de dívidas está previsto para acontecer até o final de 2025.
Segundo o jornal, existe a possibilidade de a marca Dia deixar de existir caso alguma negociação avance nesse sentido. Com isso, os aproximadamente 300 pontos imobiliários estratégicos passariam a operar sob a marca Pão de Açúcar.
No entanto, atualmente não há nenhuma negociação concreta em andamento entre o GPA e Tanure, já que o foco é colocar a casa em ordem e encerrar o processo de negociação de dívidas com credores.
Se alguma combinação de negócios efetivamente acontecesse, a expectativa do mercado é que o processo não seria tão enroscado, uma vez que poderia acontecer por meio da compra de ações no mercado.
Afinal, após a venda de fatias pelo Grupo Casino, hoje em torno de 66% do capital do GPA é pulverizado na bolsa, de acordo com o Valor.
*Com informações do Money Times e do Valor Econômico.