Ibovespa avança com suporte de commodities e CSN Mineração sobe mais de 6%
O anúncio de que as autoridades chinesas precisam implementar políticas fiscais mais “proativas” e políticas monetárias “moderadamente mais flexíveis” foi bem recebido por agentes e ofereceu tração para que o Ibovespa encerasse a sessão em alta de 1% aos 127.210 pontos. Ao longo do pregão, o índice oscilou entre os 125.946 pontos e os 127.542 pontos.
Ações de commodities responderam pelas maiores altas do Ibovespa, com destaque para (+4,39%). Segundo operadores, o compromisso do governo chinês em ser mais “proativo” no âmbito monetário e fiscal e de resgatar setores fragilizados foi visto como um bom sinal por agentes financeiros. Papéis da Petrobras, por sua vez, foram beneficiados pela subida nos preços do petróleo diante de incertezas no Oriente Médio, após a queda do presidente sírio Bashar al-Assad.
Na madrugada de hoje, o Politburo, o principal órgão de decisão de Pequim, anunciou que adotará uma postura “moderadamente frouxa” em sua política monetária, a primeira mudança em 14 anos. O governo também afirmou que implementará uma política fiscal mais “proativa”, para aumentar a demanda interna e estabilizar o mercado imobiliário.
As declarações de hoje devem manter os preços das commodities metálicas em um patamar firme, ao menos até janeiro, avalia Gilberto Cardoso, CEO da Tarraco Commodities Solution. “O mercado de minério de ferro está experimentando um otimismo renovado, impulsionado pelas mudanças nas políticas macroeconômicas da China”, acrescentou, em nota enviada a clientes. O preço do minério de ferro fechou em alta de 1,57% em Dalian.
Uma postura mais “ativa” por parte do governo chinês era amplamente esperada por agentes financeiros, especialmente diante do viés mais protecionista do futuro presidente americano, Donald Trump, e da grave crise que abala o setor imobiliário na China, lembra o estrategista-chefe da GCB Investimentos, Lucas Constantino.
Constantino avalia que o impulso econômico oferecido pelo governo chinês pode seguir influenciando os preços de ações de commodities no curto prazo, mas pondera que o cenário prospectivo é desafiador por causa do processo de transição estrutural pelo qual o país passa.
Ações da Petrobras também avançaram na sessão, impulsionadas pela subida nos preços do petróleo diante de incertezas no Oriente Médio após a queda do presidente sírio Bashar al-Assad, o que elevou as preocupações sobre potenciais interrupções na oferta da commodity na região. O Brent subiu 1,43%, a US$ 72,14 o barril, enquanto o WTI teve alta de 1,74%, a US$ 68,37.
As perspectivas mais positivas para a empresa levaram a ajustes em algumas carteiras. Em relatório, a equipe do Itaú BBA comandada por Daniel Gewehr afirmou que as ações da Petrobras foram elevadas para “top pick”. O banco disse esperar que a petroleira realize o pagamento de US$ 10,7 bilhões em dividendos em 2025, o que corresponderia a um retorno com dividendos de 12%.
A casa também vê potencial para o pagamento de dividendos extraordinários de US$ 1,7 bilhões em 2025 (2% de dividend yield), com base em avaliações prospetivas de 24 meses das necessidades de caixa e das referências de dívida bruta máxima e de caixa mínimo. Nos cálculos do BBA, o preço-alvo dos papéis preferenciais é de R$ 48.
O movimento vindo do exterior ajudou a reduzir um pouco os temores locais de que os projetos de lei do pacote fiscal possam não avançar no Congresso, diante da forte insatisfação de parlamentares com o tratamento dado pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as emendas parlamentares.
O fiscal, porém, deve continuar a influenciar as negociações e a alta de hoje da bolsa é “pontual”, na avaliação de Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval. “Não tem jeito, o fiscal mexe com os fundamentos da economia, não vai passar tão cedo. O mercado vai ficar na expectativa de algo sair no ano que vem já que o [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] Haddad deixou em aberto novas medidas.”
Ações mais sensíveis a juros lideraram as perdas dentro do Ibovespa, caso de GPA (-5,06%), Petz (-4,51%) e Cogna (-4,17%) em um dia em que os juros futuros voltaram a apresentar forte alta, às vésperas da reunião do Copom. “A expectativa é de alta de 0,75 na Selic, mas tem economista falando em 1 ponto. Então, o mercado vai precificar tudo com essa taxa”, ressalta Mollo.
Em um dia de menor liquidez, o volume financeiro ficou em R$ 15,7 bilhões no índice e em R$ 21,2 bilhões na B3. O desempenho mais positivo do Ibovespa foi na contramão do registrado nos índices americanos: o Nasdaq recuou 0,62%, o S&P 500 caiu 0,61% e o Dow Jones teve queda de 0,54%.
*Com informações do Valor Econômico