Finanças

A Janela de Druckenmiller para os investimentos no Brasil

George Soros iniciou o seu fundo de investimentos internacional Quantumem 1969.

Com o passar do tempo, o fundo tornou-se extremamente bem-sucedido em termos de retorno para seus cotistas e Soros ficou conhecido no meio dos investimentos e dos gestores de ativos.

Porém, era quase um desconhecido do público em geral até 1992, quando se tornou uma celebridade mundialmente famosa.

De acordo com Robert Slater, um dos seus biógrafos, em 1992, Soros raramente era encontrado na sede nova-iorquina do Soros Fund Management.

Desde 1988, ele havia entregue a administração cotidiana do fundo a Stanley Druckenmiller, na época, um jovem e brilhante administrador de fundos que julgava ter chegado a hora de apostar contra a libra esterlina. Ele falou com Soros sobre as suas conclusões.

Soros deu o sinal, mas orientou seu principal operador a apostar uma soma ainda maior do que Druckenmiller pretendia.

Assim, agindo em nome de Soros, Druckenmiller vendeu o equivalente em libras a US$ 10 bilhões alavancado, ou seja, com dinheiro emprestado, aumentado ainda mais o risco. Havia muito dinheiro a ganhar se Soros e Druckenmiller estivessem certos a respeito da desvalorização da libra.

Um café da manhã mais rico para a nova celebridade mundial

Ao dirigir-se para seu apartamento na Quinta Avenida, ele parecia extremamente confiante. Na manhã seguinte, às 7 horas o telefone tocou.

Era Stanley Druckenmiller, com ótima notícias. Soros ouviu radiante o operador dizer que tudo havia saídobem, e que George acabara de embolsar um lucro de US$ 958 milhões.

Quando os ganhos de Soros com outras posições foram computados seus lucros subiram para quase US$ 2 bilhões.  Foi essa singela aposta de US$ 10 bilhões na desvalorização da libra que tornou George Soros mundialmente famoso. Ele ficou conhecido como “O homem que quebrou o banco da Inglaterra”.

Nova estrela em ascensão na gestão de recursos

A fama recaiu sobre Soros, com méritos, mas Stanley Druckenmiller foi, na verdade, o idealizador deste investimento. Seria mais justo o título “os homens que quebraram o banco da Inglaterra”, para fazer jus ao seu protagonismo neste episódio.

Druckenmiller não ficou tão conhecido do público em geral, mas consolidou sua fama de grande gestor de recursos.

Nos anos 2000 deixou o Fundo Quantum para gerir seus próprios fundos. Duas décadas depois, continuando com seu brilhantismo e sucesso, acumula uma fortuna pessoal de US$ 6,9 bilhões em 2024, de acordo com a Forbes.

Investir em longo prazo mais é mais eficiente que em curto prazo

Há uma corrente majoritária entre os financistas que acredita que investimento em longo prazo são mais eficientes que em curto prazo e há um bom motivo para isso.

Enquanto em curto prazo a volatidade e imprevisibilidade imperam, dificultando muito a assertividade nos investimentos, em longo prazo, teoricamente pelo menos, os fundamentos econômicos e financeiros prevalecem, favorecendo os investidores pacientes, pela maior previsibilidade.

Mas quanto tempo é o longo prazo?

Essa pergunta é de difícil resposta. Por exemplo, Warren Buffett possui certas ações por décadas, mas já vendeu outras em um prazo muito mais curto de tempo.

Geralmente se considera como longo prazo um investimento de, pelo menos, 5 anos ou até mais. Contudo, raros são os investidores que conseguem ter a disciplina e mesmo os recursos para esperar períodos superiores a 5 anos. Stanley Druckenmiller possui uma sugestão para resolver esse impasse.

A janela de Druckenmiller

O período preferido de Druckenmiller para reavaliar seus investimentos de forma mais sistemática, ou seja, o seu “longo prazo” é mais curto que o da corrente majoritária.

A sua janela de reavaliação preferida é de 18 a 24 meses. Esse período, na sua visão,  já não é tão curto que não permita uma certa convergência para os fundamentos e nem é tão longo que o inviabilize, por diversos motivos, para o investidor médio.

Assim é um certo meio termo ideal entre o curto e o longo prazo.

A janela no Brasil atualmente

Para o Brasil especificamente, neste momento, esta janela de 18 a 24 meses é muito interessante, pois coincide com o próximo ciclo eleitoral.

Em 2026 teremos eleições gerais para Presidência da República, Governadores, Deputados Federais e Estaduais e parte do Senado. Historicamente os ciclos de altas e baixas da Bolsa brasileira estão fortemente correlacionados com os ciclos eleitorais.

Portanto 2026 deve ser um ano importante na determinação do próximo grande ciclo do mercado de capitais.

Usando a lógica de Nassim Taleb, parece haver uma certa assimetria positiva para a bolsa associada ao próximo ciclo em 2026, com alto upside potencial em contrapartida a um limitado downside.

O cenário sugere pouco a perder e muito a ganhar potencialmente

Caso o atual Presidente da República vença ele mesmo a reeleição ou vença por meio de um candidato por ele apoiado, teríamos a continuidade com poucas mudanças de preços, portanto limitado downside.

Dada a polarização da política brasileira o cenário alternativo seria a vitória de um candidato de oposição mais fiscalista e mais ortodoxo na política econômica, provavelmente com agenda liberal de privatizações, desregulamentação e reformas estruturais, o que traria alto upside potencial.

Resumindo, pouco a perder e muito a ganhar potencialmente, da forma como apregoa Taleb. Aproveitar essa janela, respeitando o seu perfil como investidor, a diversificação e o devido dimensionamento das posições de risco na sua carteira é Inteligência Financeira.

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