Economia

Ibovespa retoma os 127 mil pontos e Eletrobras é destaque de alta

O desempenho mais positivo de boa parcela das ações de “blue chips” elevou os ganhos do Ibovespa na sessão desta quinta-feira (5), com destaque para papéis de bancos. A aprovação dos requerimentos de urgência para dois projetos de lei do ajuste fiscal na Câmara, na noite de ontem, também ofereceu suporte para que os ativos domésticos anotassem um dia de alívio. O índice encerrou o dia em alta de 1,40%, aos 127.858 pontos, oscilando entre os 126.087 pontos e os 127.989 pontos. As ações do Itaú Unibanco subiram 2,14%.

Para o gestor de renda fixa da Kínitro Capital, Maurício Ferraz, o alívio foi impulsionado por um movimento mais técnico de redução das posições de risco e pelo avanço na tramitação dos projetos de lei de ajuste fiscal.

“Tem algumas questões que precisam ser resolvidas sobre as emendas parlamentares, mas não acho que isso impedirá o Congresso de aprovar os projetos. A repercussão seria ruim e os presidentes da Câmara e do Senado já declararam ser a favor de manter o arcabouço fiscal”, observa Ferraz.

O sócio e integrante da equipe de gestão de ações da Vinland Capital, Humberto Meireles, avalia que o alívio é reflexo de um mercado com pouca liquidez e mais “leve”. Ele conta que a casa já vinha com um percentual de risco Brasil mais baixo e que reduziu um pouco mais a exposição depois da aprovação do pacote, ao mesmo tempo em que aumentou a alocação fora do país.

“Tem pouca gente com risco. Poucos movimentos de mercado criam uma oscilação de preços que não necessariamente reflete o fundamento. A bolsa caiu significativamente nos últimos 45 dias e um ‘rebound’ [recuperação] não é suficiente para achar que a trajetória mudou”, diz Meireles, que acredita que a tendência é de uma manutenção de uma reprecificação para baixo.

Embora defenda que o cenário para a bolsa local parece “pouco interessante”, o executivo da Vinland argumenta que há oportunidades, caso das ações do Grupo Mateus. “É uma empresa que está mais exposta à baixa renda. As políticas de ampliação da isenção de IR são favoráveis, o desemprego está baixo e a inflação de alimentos está acelerando. É um papel ‘barato’ e com ventos favoráveis pela frente”, resume. Nos cálculos da casa, o Retorno sobre o Capital Investido (Roic) está acima de 15% e a ação negocia a 9 vezes preço/lucro.

A casa também detém uma pequena exposição em Eletrobras, por causa do desconto dos papéis. Hoje, as ações da elétrica passaram por forte reprecificação. A companhia informou que avançou nas negociações com o governo para colocar um fim ao processo movido pela União que contesta a privatização da empresa. As ações ON fecharam em alta de 4,02%, enquanto as PNB avançaram 3,44%, na liderança entre os maiores ganhos do Ibovespa.

Segundo o site “Brazil Journal”, a negociação envolve elevar a representação da União no conselho de administração da empresa para três conselheiros, de um total de dez – o que representaria uma expansão do colegiado atual.

Na regra atual, como o direito a voto é limitado a 10%, apesar de a União deter cerca de 40% de participação na Eletrobras, dificilmente o governo conseguiria eleger mais de dois representantes no conselho.

O “Brazil Journal” ainda traz que a Eletrobras permaneceria como acionista e garantidora da dívida de R$ 6 bilhões da Eletronuclear no acordo, mas que ficaria desobrigada de fazer qualquer investimento adicional caso o governo decidisse concluir Angra 3. Nesse sentido, a companhia e a União iriam se comprometer a buscar um interessado na fatia da ex-estatal.

Na avaliação do analista da Genial Investimentos Vitor Sousa, o evento é positivo porque tende a desobrigar a Eletrobras de fazer investimentos em Angra 3. Segundo ele, o mercado estava cético sobre a viabilidade econômica do projeto devido ao elevado valor de investimento.

O analista Hayson Silva, da Nova Futura Investimentos, acrescenta que o desinvestimento na Eletronuclear poderia abrir espaço para uma reestruturação mais eficiente. “A revisão do acordo de investimentos em Angra 3 pode aliviar passivos financeiros e melhorar a saúde financeira da empresa.”

Silva também argumenta que a manutenção da participação da União nos conselhos poderia trazer maior estabilidade institucional e reduzir as incertezas em torno de questionamentos sobre a privatização da empresa.

Os papéis da Ambev também ficaram entre as maiores altas e avançaram pelo quinto pregão consecutivo, ao subir 3,52%. Com isso, o valor de mercado da companhia chegou a R$ 227,2 bilhões nesta quinta-feira, um montante próximo desse patamar não era visto desde agosto de 2023. As informações são do Valor Pro.

Em relatório divulgado nesta semana, analistas do Bank of America destacaram que é provável que a companhia anuncie o pagamento de dividendos e de juros sobre capital próprio (JCP) nas próximas duas a três semanas, levando em conta o histórico de anúncios da companhia.

“As ações da Ambev podem se tornar um caso sólido de pagamento de rendimentos com o tempo”, resumiu o relatório. Nos cálculos do banco, os pagamentos totais devem chegar a R$ 13,6 bilhões, o que seria equivalente a R$ 0,86 por ação, sendo que R$ 4,4 bilhões seriam de JCP e R$ 9,2 bilhões seriam de dividendos.

O volume financeiro no índice foi de R$ 16,1 bilhões e de R$ 22,9 bilhões na B3. Em Nova York, o dia foi mais negativo para os principais índices acionários: o Dow Jones recuou 0,55%, o S&P 500 caiu 0,19% e o Nasdaq teve queda de 0,18%.

*Com informações do Valor Econômico

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