À espera da segunda parcela do 13º salário? Veja como fazer o dinheiro render
Dinheiro na mão é solução, já diria Paulinho da Viola. Mas foi o vendaval citado na música que tornou-se popularmente conhecido. Para quem está à espera da segunda parcela do 13º salário, que deve ser pago até o dia 20 deste mês, a canção nunca fez tanto sentido. Educadores financeiros recomendam usar a renda extra como uma ferramenta de organização financeira, ainda que a gratificação de Natal costume ser usada para o consumo imediato.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que 92,2 milhões de brasileiros terão o pagamento do 13º neste ano, com valor médio do benefício em R$ 3.096,78, considerando as duas parcelas. Ao todo, a previsão é de que sejam injetados R$ 321,4 bilhões na economia.
No entanto, segundo o Google, uma parte considerável desses valores já foram gastos: um levantamento da empresa mostrou que 70% dos brasileiros planejavam usar o 13º para consumir na Black Friday. Por outro lado, 40% afirmou que também pretendia destinar o recurso para o pagamento de dívidas ou fazer investimentos. Para quem está de olho na segunda parcela do benefício, ainda é possível concretizar esse plano.
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Ao InfoMoney, especialistas explicam que, com a abordagem correta, o dinheiro extra pode se transformar em uma base para o futuro, além de garantir maior segurança e tranquilidade financeira para os anos seguintes. Confira como nas dicas a seguir.
1. Priorize o pagamento de dívidas
Para quem está endividado, não tem como fugir. Especialmente se for o caso de contas com juros elevados. Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais, destaca ser essencial quitar o mais rápido possível qualquer dívida com juros acima de 3% ao mês.
“Os juros compostos podem devastar o orçamento familiar”, frisa. Por isso, Patzlaff recomenda o uso da segunda parcela do 13º salário para reduzir pendências com cartão de crédito e cheque especial.
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Sob o mesmo raciocínio, Cassius Leal, fundador da Advys Contabilidade, frisa que pagar dívidas com altas taxas de juros traz alívio financeiro imediato e melhora a saúde do orçamento. “É a prioridade para quem está endividado, principalmente dívidas com altas taxas.”
2. Construa uma reserva de emergência
Agora, se as dívidas estão sob controle, os especialistas apontam que o próximo passo é garantir uma reserva de emergência. O montante deve ser capaz de cobrir entre três e seis meses de despesas essenciais, evitando o uso do crédito atrelado aos juros em caso de imprevistos.
Mas é claro que, sozinho, o 13º não é capaz de alcançar esse objetivo. Mas ele pode ser usado na construção disso. A recomendação é fazer alocações em investimentos de maior liquidez — isto é, com facilidade para ser “convertido” em dinheiro — e com baixo risco.
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Guilherme Almeida, economista e especialista em educação financeira da Suno Research, recomenda a aplicação do salário extra em títulos públicos. “O Tesouro Selic, por exemplo, combina boa rentabilidade com alta liquidez, sendo ideal para quem deseja formar uma reserva de emergência.”
Enquanto isso, Jeff Patzlaff recomenda o investimento em Certificados de Depósito Bancário (CDB), pagando 100% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Para essa modalidade, muitos bancos facilitam a movimentação diretamente pelo aplicativo do celular. “O foco será poder sacar fácil quando precisar, sem risco de perder dinheiro.”
3. Pense a longo prazo
Se as finanças mais imediatas não são um problema, o “salário extra” também pode ser usado num investimento a longo prazo. Focando justamente para quando o trabalhador não estiver mais trabalhando, a aplicação pode ser feita em um plano de previdência privada. “Com o aumento da longevidade, precisamos pensar em como financiar esses anos extras de vida”, aponta Cássia Yamada, superintendente comercial da Brasilprev.
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De jovens que estão recebendo pela primeira vez na vida o 13º salário até para quem está próximo da aposentadoria, segundo Yamada não há idade para começar a investir em planos previdenciários. “Em 10 ou 15 anos dá para construir uma base sólida. Essa responsabilidade é pessoal, e o planejamento deve começar o quanto antes.”
4. Invista o que for possível
Por fim, o 13º salário pode ser uma oportunidade de rentabilizar o dinheiro ainda mais, construindo uma carteira de investimentos diversificada. Ainda assim, os especialistas consultados alertam que a escolha dos ativos depende do perfil de risco de cada pessoa e dos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.
Perfil conservador
Para quem tem pouco contato com o mundo dos investimentos e não quer correr qualquer tipo de risco, a prioridade deve ser a segurança e a liquidez. Cassius Leal, da Advys Contabilidade, recomenda opções como Tesouro Selic e CDBs com liquidez diária. “São ativos que oferecem retorno estável e fácil acesso ao capital”, explica.
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Já Cássia Yamada, da Brasilprev, lembra que a própria previdência privada pode ser uma alternativa interessante para quem é mais conservador com as finanças — sobretudo se a liquidez não for uma questão. Segundo ela, o investidor conta com isenção do chamado imposto ‘come-cotas‘, cobrado em fundos convencionais.
“O investidor pode economizar até 10% ao longo do tempo. Além disso, é possível ter uma gestão diversificada, incluindo até 30 fundos em uma única carteira, respeitando o perfil do investidor”, diz.
Perfil moderado
Para quem busca um retorno maior, um caminho pode ser a diversificação entre ativos de renda fixa e fundos imobiliários. Cassius Leal recomenda os Fundos Imobiliários (FIIs), além de ativos como o Tesouro IPCA+ (para objetivos de médio/longo prazo) e CDBs de médio prazo.
Guilherme Almeida, da Suno Research, ainda destaca os Fundos de Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que são isentos de Imposto de Renda. “Já Tesouro IPCA+ é ideal para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, pois oferece proteção contra a inflação e ganhos reais.”
Perfil arrojado
Agora, se o trabalhador estiver disposto a correr risco, com a possibilidade de rentabilizar mais o 13º salário, há opções nas ações e nos ETFs (Exchange Traded Fund, em inglês). Segundo Cassius Leal, essas modalidades oferecem a possibilidade de retornos mais expressivos ao longo do tempo, mas exigem disciplina e análise criteriosa.
“Independente do perfil, evite investimentos especulativos e priorize ativos que tenham um alinhamento claro com os objetivos financeiros, e fuja de ativos que prometem retornos irreais”, ressalta.
Como usar melhor o 13º salário em 2025?
Para quem acredita que será possível apenas pagar as contas com o 13º salário, os especialistas lembram que mais um ano está para começar. Isso significa que adotar hábitos financeiros mais saudáveis ao longo de 2025 pode mudar essa realidade no próximo subsídio.
“Transfira parte do 13º salário para uma conta de investimentos assim que recebê-lo, tirando o dinheiro da sua frente para evitar gastos impulsivos”, recomenda o planejador financeiro Jeff Patzlaff.
Além disso, criar metas financeiras mensais e automatizar aplicações podem ajudar a manter essa disciplina mês a mês. “Esse salário pode ser um aliado importante para reorganizar as finanças e alcançar objetivos de médio e longo prazo”, completa Guilherme Almeida.
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