os crimes atribuídos ao ex-presidente
A Polícia Federal (PF) encerrou nesta quinta-feira (21) as investigações sobre a suposta elaboração de um plano golpista para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a eleição de 2022. Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PT) e seus principais aliados.
O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo foi acusado dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, disse a corporação em nota.
Segundo a PF, “as provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário”.
Agora, Moraes vai analisar o documento e enviá-lo para a análise do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Uma das possibilidades é que o PGR apresente uma denúncia conjunta contra o ex-presidente, envolvendo também outras investigações em curso, como a das joias sauditas e da fraude no cartão de vacina.
O envolvimento de Bolsonaro
Para a PF, não há dúvidas de que o ex-presidente tentou articular um golpe de Estado depois de ser derrotado nas urnas – movimento que levou à invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Ele deve ser acusado de crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O papel do ex-presidente na trama golpista, segundo os investigadores, ficou mais claro em fevereiro, com a deflagração da Operação Tempus Veritatis. De lá para cá, a PF colheu dezenas de depoimentos e reuniu novos indícios contra Bolsonaro e integrantes do antigo governo.
Minuta do golpe e plano para matar Lula e Alckmin
Na terça-feira, uma nova operação foi deflagrada. Cinco pessoas foram presas sob a suspeita de participar de um plano para matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e Moraes. Uma reunião para discutir a empreitada foi realizada na casa do general Walter Braga Netto, que foi ministro e candidato a vice de Bolsonaro.
De acordo com as investigações, Bolsonaro organizou reuniões, inclusive no Palácio da Alvorada, para discutir a chamada “minuta do golpe”. O debate envolveu até mesmo os comandantes das Forças Armadas, para dar legitimidade aos atos.
Os relatos dos ex-chefes do Exército e da Aeronáutica, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Jr., foram considerados essenciais para confirmar que Bolsonaro e seus auxiliares chegaram a preparar um decreto para instituir Estado de Defesa no país e impedir que Lula chegasse à Presidência.
Baptista contou ainda que, em uma das reuniões, Freire Gomes teria dito que precisaria prender o então presidente se ele tentasse colocar o plano em prática.
Já o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria colocado as tropas que chefiava à disposição de Bolsonaro, segundo relatos. Ele optou pelo silêncio ao ser interrogado.
Outro personagem importante desse caso é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O militar tem uma audiência marcada com Moraes nesta quinta-feira, após a PF apontar que ele omitiu informações ao fechar a sua delação premiada.
Além de o acordo ser suspenso, ele pode ir preso novamente.
Confira a lista dos indiciados pela PF
- AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
- ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
- ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
- ALMIR GARNIER SANTOS
- AMAURI FERES SAAD
- ANDERSON GUSTAVO TORRES
- ANDERSON LIMA DE MOURA
- ANGELO MARTINS DENICOLI
- AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
- BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
- CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
- CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
- CLEVERSON NEY MAGALHÃES
- ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
- FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
- FILIPE GARCIA MARTINS
- FERNANDO CERIMEDO
- GIANCARLO GOMES RODRIGUES
- GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
- HÉLIO FERREIRA LIMA
- JAIR MESSIAS BOLSONARO
- JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
- LAERCIO VERGILIO
- MARCELO BORMEVET
- MARCELO COSTA CÂMARA
- MARIO FERNANDES
- MAURO CESAR BARBOSA CID
- NILTON DINIZ RODRIGUES
- PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
- PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
- RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
- RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
- SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
- TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
- VALDEMAR COSTA NETO
- WALTER SOUZA BRAGA NETTO
- WLADIMIR MATOS SOARES
Com informações do Valor Econômico