Eleição de Trump provocou elevação da taxa de juros
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (15) que a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos provocou a elevação das taxas de juros norte-americanas de curto e longo prazos, penalizando os países emergentes, em especial os latino-americanos e os africanos.
A declaração foi dada na abertura do painel “Nova Arquitetura Financeira Global”, durante o CRIA G20, um dos eventos que acontecem antes da Cúpula de Chefe de Estados, marcada para a próxima segunda (18) e terça-feira (19).
Trump-trade
“O que está acontecendo hoje ficou conhecido como Trump-trade, [o mercado financeiro pensa que] se o Trump vai combater a imigração, logo você vai ter um aumento do custo de mão de obra nos Estados Unidos. Se ele vai colocar mais tarifas de importação, logos os preços vão subir. Essa ideia provocou uma elevação das taxas de juros de curto prazo e de longo prazo”, explicou Galípolo.
Ele lembrou que, antes da vitória de Trump, o mercado esperava seis cortes da taxa de juros norte-americana pelo Fed, o Banco Central dos Estados Unidos. Agora, está se imaginando um ou dois cortes, disse.
“Essa elevação nas taxas de juros americana provoca o que para todo o resto do mundo? Custo financeiro mais alto para todos os países”, disse o diretor do BC. “Pelo lado financeiro e pelo lado do comércio, isso está penalizando os países emergentes e de baixa renda, em especial países latino-americanos e africanos”, completou.
Ele também disse que os impactos climáticos estão impedindo os países emergentes de terem produtos que permitam a eles ter uma balança comercial mais favorável, o que penaliza ainda mais essas nações num cenário de juros altos no mundo.
“O arranjo financeiro [atual] está penalizando países que historicamente já foram penalizados”, finalizou o futuro presidente do BC.
‘Mundo está diante de uma grande bifurcação’
Antes, na abertura do painel, ele afirmou que o mundo está diante de uma “grande bifurcação sobre a arquitetura financeira global”, com alguns líderes mundiais querendo rever a globalização e outros, caso do Brasil, querendo inserir as dimensões de justiça social e sustentabilidade na globalização.
“O mundo se encontra em uma grande bifurcação sobre a arquitetura financeira global, com muitos líderes querendo desglobalizar, e, numa outra vertente, que o Brasil vem defendendo, é inserir critérios de gestão, social e ambiental, na globalização”, afirmou Galípolo.
Com informações do Valor Econômico