Bolsa e dólar

Depois de chegar a valer menos de R$ 0,10 na bolsa, ação da Americanas (AMER3) dispara mais de 60% após balanço do 3T24 — o jogo virou para a varejista?

Nesta quinta-feira (14), o mercado financeiro se deparou com uma cena rara quando se trata do desempenho das ações da Americanas (AMER3) na bolsa ultimamente: no início da tarde, os papéis da varejista disparavam mais de 60%, negociados a R$ 5,49.

Desde o início da crise na empresa, porém, AMER3 ainda acumula uma queda de mais de 99%.

A ação da companhia chegou a valer menos de R$ 0,10 em agosto antes de passar por um grupamento. Hoje, o papel ganha impulso após o balanço da varejista mostrar seu primeiro lucro líquido desde a reveleção de uma fraude contábil multibilionária em seus balanços, em janeiro de 2023.

Os resultados da Americanas no 3T24

Nos últimos meses, a varejista vinha enfrentando uma sequência de perdas, conforme os balanços de 2023 e do primeiro semestre de 2024, publicados após diversos adiamentos.

Agora o jogo parece começar a virar para a Americanas. Isso porque, entre junho e setembro, a companhia registrou lucro líquido de R$ 10,279 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,630 bilhão apresentado no mesmo trimestre do ano passado.

A receita líquida ficou em R$ 3,197 bilhões, praticamente estável em comparação com o mesmo período de 2023. O Ebitda foi de R$ 547 milhões no terceiro trimestre, revertendo o número negativo em R$ 368 milhões no 3T do ano passado. Confira outros destaques aqui.

O lucro foi puxado principalmente pela quitação de dívidas e um aumento de capital que reverteu o patrimônio líquido da varejista para o positivo.

Vale lembrar que, em julho, a companhia teve uma injeção bilionária de capital, cujos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, se comprometeram com pelo menos R$ 12 bilhões. 

Crescimento pressionado pelo online

Segundo análise da XP Investimentos, a Americanas reportou resultados mistos no terceiro trimestre de 2024, com um crescimento ainda pressionado pelo online, mas com níveis de rentabilidade melhorando, seguindo a execução do plano de recuperação judicial.

Os analistas da corretora destacam a queda anual de 4% no GMV (volume bruto de mercadorias), provocado principalmente pela performance no e-commerce, que caiu 49%. 

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Varejo físico e rentabilidade positivos

Em contrapartida, a XP destacou como um dos pontos positivos o desempenho do varejo físico, especialmente por conta de três estratégias feitas pela companhia, sendo:

  • Produto certo, com a evolução de um modelo de precificação regional (antes nacional) e uma estratégia mais assertiva de abastecimento das lojas;
  • Negociação inteligente, com objetivo de melhorar condições comerciais e aumentar sortimento em loja de categorias onde identificavam demanda/rentabilidade (como papelaria, brinquedos e vestuário);
  • Melhor loja, com testes de novos modelos de loja e a otimização do parque, resultando no fechamento de 21 lojas no trimestre e levando a um crescimento de 14% nas vendas das mesmas lojas.

“A rentabilidade se destacou, com a margem bruta aumentando 2,6 pontos percentuais, impulsionada por um melhor mix de produtos e redução de custos”, acrescentou a corretora. 

Os analistas citaram o ajuste no mix para produtos com margens melhores, como itens de higiene, beleza e limpeza. Eletroeletrônicos, mesmo mais caros, teriam margens menores.

A corretora também mencionou a estratégia de precificação e o desenvolvimento de iniciativas logísticas, que ajudaram a cortar despesas e impulsionar as margens. 

Mesmo com a estratégia mais racional de precificação, o momento é de cautela no setor de e-commerce, diante de um cenário competitivo mais acirrado, de acordo com a XP.

“A companhia reconhece que ainda há desafios pela frente, com foco em melhorar vendas/m², estratégias de precificação e controle de estoque”, disseram os analistas em relatório, cuja recomendação para as ações da varejista ainda está sob revisão da XP.

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