Economia

Bancos são ‘porto seguro’, mas não estão baratos na bolsa, diz gestor

Os bancos representam 25% do Ibovespa e são um dos “bids” mais seguros para ganhar dinheiro num momento de CDI alto e inadimplência sob controle, mas não estão baratos na bolsa, segundo Christian Faricelli, gestor da Absolute Investimentos.

“Os bancos já pagam dividendos altos, então o investidor aceita o risco menor para carregar. A nossa dúvida é se os principais players vão passar ilesos à atuação das fintechs”, comentou ao participar de evento do UBS nesta segunda-feira.

Faricelli refletiu, por exemplo, que apesar do nível alto de rentabilidade do Itaú Unibanco nas últimas demonstrações financeiras, a instituição pode encontrar desafios nos próximos dois, três, cinco anos. “Acho que o setor vai estar mais competitivo, com algumas empresas oferecendo ‘cashback’ de 1,3%, 1,5% [ do gasto no cartão de crédito], esse dinheiro sumiu do Itaú. A baixa renda ficou super competitiva e hoje todos os bancos querem o cliente PJ ou o [perfil] Personnalité [de alta renda].”

O gestor afirmou que, do ponto de vista da eficiência, muito já foi feito, com fechamento de agências e redução de custos, mas “será que o Itaú vai ter tanto crescimento de lucro assim, um gap tão grande? Será que os outros são tão piores? Como vai ser o business do futuro? Acho que vai ser mais competitivo, com nomes como Stone, PagSeguro, Nubank”.

Ele reconheceu, contudo, que o setor bancário carrega muitas variáveis, é difícil de ter acurácia, e a inteligência artificial pode ser um poder transformacional para os bancos. “O retorno lá na frente pode ser maior e a gente estar errado.”

Leonardo Linhares, sócio da SPX Capital responsável pelas estratégias de bolsa, disse que “só fala bem de bancos” e que, no cenário de curto prazo, retornos em dividendos na casa de 8% a 9% são bons. “Na parte financeira, tem muita coisa barata, a valor de liquidação.”

Um risco seria uma piora relevante no ciclo de inadimplência. “Me surpreende [que esteja baixa], dada a alavancagem da pessoa física, com a alimentação mais alta. O cara não vai cortar a comida numa situação de aperto e sobra menos para pagar juros, o cartão e o boleto.”

Ele considera que ganhos de renda e talvez a tomada de linhas mais baratas tenham contribuído para esse efeito. “Sem falar de banco A, B, C ou D, não parece que numa janela de três a seis meses a gente esteja contratando uma surpresa negativa [na qualidade do crédito] pela frente.”

Com uma percepção risco pior para o setor, Faricelli, da Absolute, diz não ter exposição a bancos e busca ganhar dinheiro com outras ações. Ele disse até gostar de exportadoras de commodities, que ganham com o dólar alto, mas o cenário para as matérias-primas não é o mais fácil de decifrar, com a derrapagem da atividade na China. As oportunidades parecem mais claras nos setores “NTN-B+”, que conseguem repassar a inflação para os preços, caso das concessionárias de serviços públicos essenciais, algumas de transporte e de shopping centers.

*Com informações do Valor Econômico

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