O que esperar dos resultados de Hapvida (HAPV3) e Rede D’Or?
As empresas de seguro de saúde não vêm tendo um ano de gala no Ibovespa. Principais representante do setor, a Hapvida (HAPV3) tem queda de 28% nas ações em 2024 enquanto a Rede D’Or (RDOR3) vive realidade diferente. O papel sobe ligeiros 2%. A distinção entre ativos deve se estender para os resultados das operadoras de plano de saúde e hospitais no terceiro trimestre, dizem analistas.
A expectativa do mercado é de que a Hapvida tenha sinistralidade menor, mas que o lucro da seguradora caia por conta da queda no número de beneficiários e provisões com processos legais. Por outro lado, a projeção do balaço da Rede D’Or é mais positiva, com agentes esperando aumento de leitos de hospitais ocupados.
Hapvida (HAPV3): lucro líquido pressionado por processos
A Hapvida (HAPV3) e suas ações sofrem com a queda de margem de lucro líquido pelo uso de parte de do caixa da empresa para pagar ações civis.
Para o Itaú BBA, as ações da Hapvida (HAPV3) têm como principal obstáculo o que o banco chama de “imbróglio jurídico”. Por isso o papel acumula queda de dois dígitos em 2024.
“A companhia tem adotado uma postura bastante conservadora ao orientar sobre o comportamento dos depósitos e bloqueios demandados pelas ações cíveis”, diz o Itaú BBA.
Analistas, assim, preveem queda ainda maior de lucro líquido da Hapvida em 2024 contra 2023. O Itaú BBA acredita numa redução de 27,7%, levando a última linha a pouco mais de R$ 1 bilhão.
“Em nosso cenário-base, prevemos um consumo de caixa de R$ 281 milhões de depósitos judiciais no segundo semestre do ano, e de R$ 245 milhões em 2025”, dizem os analistas em relatório.
Ao notar uma visibilidade reduzida de investidores sobre o provisionamento da Hapvida, Dalton Yoshizaki, sócio e diretor de research da Prumo Capital, aponta que investidores da ação “aguardam um estudo detalhado sobre os depósitos judiciais”
“E seus impactos no balanço”, completa. “Mesmo assim, devemos ver números que consolidam tendências positivas para o setor”.
Yoshizaki se refere à queda de sinistralidade, termo usado para a taxa de uso de seguro em eventos cobertos pelos planos.
Os juros mais altos também devem prejudicar o lucro e a receita da Hapvida no terceiro trimestre, avalia Hugo Queiroz, gestor da L4 Capital.
Para ele, as ações da Hapvida caem 25% no ano porque “o mercado não enxerga uma melhora” no fluxo de caixa da empresa, justamente de onde sai o pagamento dos processos.
Do lado da Rede D’Or, analistas têm perspectiva mais positiva para o balanço.
De acordo com Queiroz, a ocupação de taxa de leito deve seguir o embalo do último trimestre, quando aumentou para 84,4%, recorde da Rede D’Or (RDOR3).
“Devemos ter um ganho de margem Ebitda e de ticket médio de usuários”, afirma.
Mas os olhos estão voltados para os resultados da joint venture com Bradesco Saúde. A parceria foca na administração de hospitais e foi nomeada Atlântica Rede D’Or.
Os efeitos da parceria, anunciada em maio, devem ter efeito positivo no balanço financeiro do terceiro trimestre, comenta Rafael Lage, analista da CM Capital.
“Além disso, a rede de hospitais deve surfar ganho de market share à medida em que continua a expandir”, ele afirma.
“Acredito que a diretoria vai dar luz maior sobre objetivos e alvos para estratégia da empresa de expansão e mais sinergias sobre fusão com Bradesco Seguros através da joint venture“, diz o estrategista de renda variável da Valor Academy, Heitor Martins.
O banco Goldman Sachs estima receita líquida de R$ 928 milhões para a rede de hospitais entre julho e setembro, alta de 7% na comparação anual. Enquanto isso, as operações devem registrar Ebitda de R$ 2 bilhões, avanço de 26%.
De acordo com o Goldman, o Bradesco Saúde deve reembolsar algo em torno de R$ 700 à Rede D’Or (RDOR3). Isso porque a parceria determina a divisão de investimentos na operação de hospitais.