Ainda é cedo para avaliar impactos da eleição de Trump no setor de alumínio brasileiro, diz Abal
A presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Janaina Donas, disse, nesta quinta-feira (7), que ainda é cedo para avaliar os impactos das recentes eleições americanas no setor de alumínio brasileiro. No entanto, a possibilidade de novas sobretaxas e barreiras comerciais preocupa o setor, pois essas medidas dificultam o acesso a mercados em que o Brasil é competitivo e aumentam o risco de desvios de comércio.
Segundo a executiva, embora o republicano Donald Trump, eleito para a Casa Branca, tenha adotado uma política mais protecionista quando foi presidente pela primeira vez, impondo tarifas sobre o alumínio importado pela Seção 232, o governo democrata não reverteu essas medidas.
“Esse cenário sugere uma certa continuidade na abordagem americana em relação à proteção de indústrias estratégicas, independentemente da administração em vigor”, disse.
“O crescimento de barreiras comerciais relacionadas a questões ambientais pode impactar os fluxos de comércio e a competitividade de mercados globais, sendo essencial analisar os riscos e as oportunidades que apresenta”, acrescentou.
O protecionismo, segundo Donas, não é exclusivo dos Estados Unidos. Ela lembrou que a Europa introduziu o Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono (CBAM), que aplica tarifas a produtos com altas emissões de carbono.
Por outro lado, a executiva acredita que a descarbonização pode abrir portas para produtos de baixa emissão, área em que a indústria brasileira de alumínio tem destaque. No entanto, a falta de padronização e clareza nas metodologias de certificação e rastreamento de emissões ainda representa um desafio e uma barreira indireta ao comércio.
“No caso do Brasil, em linha com a maioria dos países emergentes, grande parte da produção nacional de alumínio destina-se ao atendimento da demanda doméstica, com o comércio internacional desempenhando um papel secundário, mas ainda assim relevante. A possibilidade de novas sobretaxas ou barreiras é uma preocupação para o setor, pois essas medidas não apenas dificultam o acesso a mercados nos quais somos competitivos, mas também elevam o risco de desvios de comércio”, ressalta.
Além disso, ela acrescenta que aumenta a exposição do Brasil a práticas de comércio desleais de outras regiões, reforçando a necessidade de estratégias que protejam a competitividade da indústria brasileira em um ambiente global cada vez mais difícil.
*Com informações do Valor Econômico