Mercado financeiro

Ibovespa tem queda contida após Trump; giro financeiro no índice avança para R$ 18,1 bi

O dia dava indícios de que seria um pregão mais conturbado para os ativos locais, com o Ibovespa batendo os 128.822 mil pontos no começo da manhã, mas o índice conseguiu reduzir as perdas e encerrar a sessão em queda de 0,24%, aos 130.341 pontos, depois de encostar nos 130.670 pontos na máxima intradiária. O pregão foi marcado por uma subida expressiva no volume financeiro do índice, que chegou a R$ 18,1 bilhões, e de R$ 24,3 bilhões na B3.

A última vez que o volume financeiro do índice ultrapassou o patamar de R$ 18 bilhões foi em 16 de outubro, quando bateu R$ 19,6 bilhões.

O movimento no mercado local foi diferente do visto nas bolsas americanas: o Nasdaq subiu 2,95%, assim como o Dow Jones e o S&P 500 avançaram 3,57% e 2,53%, nessa ordem.

“Acho que, com a vitória do Trump, muitos zeraram a posição em bolsa Brasil, o que causou o movimento forte pela manhã”, afirma um operador. Já na parte da tarde, a performance dos ativos no mercado local surpreendeu alguns profissionais, como a chefe do research do Santander, Aline Cardoso.

Para ela, uma das possíveis razões para o movimento mais “contido” é que o mercado já estava “parcialmente posicionado” em uma eventual vitória de Donald Trump, ao contrário do que ocorreu em 2016, quando a eleição do republicano foi uma surpresa. Não à toa, o Ibovespa já havia recuado e o dólar apreciado bastante desde o meio de outubro — momento em que Trump começou a despontar como favorito nas casas de apostas, lembra a especialista.

A vitória do republicano e um balanço lido como mais positivo ajudaram a puxar para cima as ações da Gerdau (GGBR4), que subiram 9,61%, a R$ 19,96. Com isso, a companhia ganhou R$ 3,8 bilhões em valor de mercado, chegando a R$ 42,0 bilhões no fim da sessão. Os papéis da Metalúrgica Gerdau também avançaram 9,15%, a R$ 11,33. Ambas responderam pelas duas maiores altas do Ibovespa na sessão.

Para o sócio e analista da Finacap, Felipe Moura, que detém uma grande posição em Metalúrgica Gerdau no fundo da casa, um dos grandes diferenciais da companhia é que ela possui operação nos Estados Unidos. “Mais do que a chance de Trump elevar a demanda por aço, ele tem uma tendência mais protecionista com a economia americana, o que poderia proteger a operação da empresa nos Estados Unidos.”

Entre as propostas de Trump, destacam-se as tarifas de 60% ou mais contra as importações chinesas, o que pesou sobre as commodities desde as primeiras horas da manhã. O papel ordinário da Vale recuou 1,13%, cotado a R$ 61,42. Outros papéis ligados a commodities também caíram: CSN (-3,01%) e CSN Mineração (-0,64%). Já as ações da Petrobras tiveram movimento misto: as PN subiram 0,03%, a R$ 35,40, enquanto as ON caíram 0,10%, a R$ 38,11.

João Rômulo, sócio da Arbor Capital, destaca que é importante observar que, apesar de os republicanos terem conquistado maioria no Senado, ainda não se tem clareza sobre o resultado na Câmara americana. Caso a “onda vermelha” seja confirmada, ou seja, a maioria do Congresso seja republicana, será mais fácil para Trump aprovar a imposição de tarifas às importações.

Nesse sentido, a pressão sobre os parceiros comerciais internacionais deveria fortalecer o dólar, diz Rômulo. “Se continuar a ter depreciação [do real], isso num curto prazo, acho que deveria impactar as empresas exportadoras brasileiras, com receitas atreladas às exportações, como, por exemplo, a PetroRio”, afirma. Além disso, ele pondera que é preciso esperar para entender “se a dinâmica de brigas tarifárias atrapalha ou ajuda ao Brasil em janelas mais longas”.

Cardoso, do Santander, avalia que a bolsa local pode até ver um rali de curto prazo, mas que isso vai depender de um eventual pacote chinês, que pode ser anunciado no fim desta semana, e das medidas de corte de gastos por parte do governo brasileiro. “Se tiver um pacote de gastos agressivo, a curva pode ter um fechamento e não teria necessidade de ter que subir tanto a Selic.”

Em um momento em que o cenário macroeconômico é mais difícil, a profissional conta que a casa tem olhado para companhias que podem apresentar resultados crescentes sem depender tanto do ambiente mais delicado, caso de Sabesp, Direcional, Lojas Renner e Weg.

*Com informações do Valor Econômico

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