Novo ETF de renda fixa mira proteção da inflação; vale a pena?
A gestora Investo estreou no mercado na terça-feira (5) o seu novo ETF, o LFTB11, com a expectativa de captar mais de R$ 1 bilhão até o final do próximo ano. Trata-se de um ETF de renda fixa, que vai investir em títulos do Tesouro Selic e do Tesouro IPCA+ e busca uma rentabilidade acima do CDI, com proteção da inflação e liquidez.
A Inteligência Financeira conversou com Cauê Mançanares, CEO da Investo, sobre o novo ETF. E com Marcos Milan, planejador financeiro e professor da FIA Business School, para te ajudar a avaliar o novo produto e pesar os prós e contras antes de decidir se faz sentido para você.
O que é um ETF e como vai funcionar o LFTB11?
ETF são fundos de índice listados em bolsa. Ou seja, fundos que visam replicar a carteira teórica de um índice, como o Ibovespa, por exemplo. Nesse caso, o índice no qual o LFTB11 se espelha é o MarketVector Brazil Treasury 760 Day Target Duration.
A proposta é que o índice reflita uma combinação majoritária de investimento em títulos atrelados aos juros básicos e uma parcela menor seguindo a inflação. Contudo, sempre com a meta de manter um prazo médio de 760 dias. Na largada, a composição era de 91,3% em títulos do Tesouro Selic e 8,7% em títulos do Tesouro IPCA+.
Cauê Mançanares, CEO da Investo, afirma que a proposta é que a proporção de títulos IPCA+ fique entre 5% e 15% da carteira. O objetivo é garantir uma vantagem tributária aos investidores. Em 2023, a Investo foi obrigada a mudar a tributação do seu fundo LFTS11 após contestações.
Por ser um fundo cujo índice investe no Tesouro Selic, a avaliação dos reguladores foi de que o LFTS11 deveria ter uma tributação de 25%. Portanto, equivalente ao prazo de repactuação de carteira de 1 dia. Entenda a polêmica na reportagem da Inteligência Financeira.
No caso do LFTB11, por outro lado, a adição de títulos do Tesouro IPCA+ visa garantir que o Prazo Médio de Repactuação da Carteira (PMRC) fique acima de 720 dias, o que o enquadra na faixa mais baixa, de 15% de tributação.
“Depois da resolução da polêmica tributária do ETF de renda fixa, temos uma nova regulamentação que ficou clara. Demos a missão a um provedor de índice para criar um índice com o mínimo de títulos do IPCA para caber dentro da regulação”, diz o CEO da Investo à Inteligência Financeira.
Vale a pena investir em ETF de renda fixa?
ETFs de renda fixa, em geral, tem alguns atrativos ao investidor, de acordo com Marcos Milan. Por exemplo, o professor cita o fato de você investir em um fundo que vai, por si, diversificar a aplicação em títulos públicos.
“A vantagem é você ter a diversificação em dezenas, às vezes até centenas, de ativos em um único botão”, explica. Outra vantagem seria a possibilidade de você ter o reinvestimento, sem precisar esperar o valor cair na conta corrente para reaplicá-lo.
Por outro lado, Marcos Milan alerta que é um risco acreditar que os ETFs possam por si só compor sozinhos a reserva de emergência, por exemplo. “É uma opção para compor. Portanto, não deve ser toda a reserva, porque ele pode ter volatilidade em razão da marcação a mercado”, explica.
A marcação a mercado é um ajuste diário nos preços dos ativos. Portanto, marcar a mercado é saber o preço que você receberia, caso vendesse o seu ativo hoje. No caso do LFTB11 especificamente, o planejador acredita que a força e a fraqueza do ETF está na inclusão dos títulos do Tesouro IPCA+.
Isso uma vez que os títulos atrelados à inflação podem trazer uma possibilidade extra de rentabilidade e protejem do risco da inflação em alta. Mas, por outro lado, também representam uma maior volatilidade para o investimento no ETF.
“Assim como investir diretamente no Tesouro IPCA+, você tem que ficar de olho na marcação a mercado, porque você pode ter no curtíssimo prazo até um prejuízo”, explica Marcos Milan. Portanto, seu prazo de investimento, perfil de investidor e tolerância a risco