Dólar dispara e sobe mais de 1,5% contra o real após vitória de Trump
O dólar à vista abriu a sessão desta quarta-feira com valorização forte de mais de 1,5% contra o real, depois de o candidato republicano Donald Trump vencer as eleições presidenciais dos Estados Unidos e as votações indicarem que deve haver uma “onda vermelha” nas eleições, com os republicanos também liderando o Senado e a Câmara dos Representantes. Diante disso, a moeda americana exibe força contra quase todas as divisas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, mas especialmente contra moedas de mercados emergentes.
Perto das 9h20, o dólar comercial era negociado em alta de 1,65%, cotado a R$ 5,8414, enquanto o euro comercial caía 0,36%, a R$ 6,2573.
A moeda americana também exibia apreciação de 2,60% contra o peso mexicano, 2,24% ante o rand sul-africano, 2,20% ante o zloty plonês e 2,65% ante o florim da Hungria. Assim, entre os pares emergentes, o real tinha a depreciação mais contida nesta manhã. Cabe lembrar, no entanto, que a dinâmica pode ganhar ainda mais força à medida que os mercados americanos forem ficando mais líquidos, com a abertura das negociações em Wall Street.
Ao comentar sobre o desempenho do real em relação aos pares, o gestor Thierry Larose, da suíça Vontobel Asset Management, diz que, do ponto de vista do canal comercial, o Brasil parece estar menos exposto do que outras economias emergentes a potenciais perturbações tarifárias durante o governo Trump. “Sendo uma economia relativamente fechada para os padrões dos mercados emergentes — para além das suas exportações de matérias-primas pesadas —, o comércio do Brasil é mais relevante para a China do que para os EUA”, diz. “Isso significa que os impactos diretos de quaisquer novas tarifas sobre o comércio EUA-Brasil serão provavelmente mínimos.”
O que pode vir a pesar sobre a moeda brasileira, na avaliação do gestor da Vontobel, é um fortalecimento global do dólar, o que se reflete nesta manhã, com a alta de 1,82% do índice DXY, que retorna à casa dos 105 pontos, nos maiores níveis desde julho.
“Esperamos que as políticas de impostos mais baixos e tarifas mais elevadas sob Trump fortaleçam o dólar e aumentem os rendimentos dos Treasuries no curto prazo, o que poderá inicialmente atenuar ainda mais a procura por ativos dos mercados emergentes”, afirma. “No entanto, com alguns dos efeitos da política de Trump já precificados, é improvável um grande ‘sell-off’, mesmo que as moedas dos mercados emergentes com beta elevado (miaor volatilidade), como o real, sofram uma pressão inicial.”
*Com informações do Valor Econômico